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Biografia

Marisa Matias - Biografia

Marisa Isabel dos Santos Matias nasceu em Coimbra, a 20 de Fevereiro de 1976. Da sua infância guarda a vida na aldeia de Alcouce, no concelho de Condeixa-a-Nova, cujos caminhos não se cansava de calcorrear, ora para ir para a escola, situada a cinco quilómetros de casa, ora ajudando a família no pastoreio e na agricultura.

O que lhe chegava do mundo vinha através dos livros, dos noticiários da televisão a que assistia em casa da avó e das longas conversas com Álvaro Febra, o comunista da aldeia que tanto lhe ensinou sobre política e justiça social.

Começou a trabalhar aos 16 anos para pagar os estudos e ajudar no orçamento familiar. A luta, essa, começou no ensino secundário em Coimbra, quando fez greves de zelo por causa da Prova Geral de Acesso. Ingressa no curso de Sociologia Pela Mão de Alice, um livro de Boaventura Sousa Santos que foi determinante na sua passagem das ciências naturais para as ciências sociais.

Nos anos que passou na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, envolveu-se ativamente nos movimentos estudantis contra as propinas e participou na refundação do núcleo de estudantes, do qual foi vice-presidente.

Todo o seu percurso académico foi feito enquanto trabalhadora-estudante. Fez limpezas, serviu à mesa e com 22 anos foi a primeira da família a licenciar-se. Em 1997 começou a trabalhar como secretária da Revista Crítica de Ciências Sociais, ligada ao Centro de Estudos Sociais (CES), onde viria a tornar-se investigadora em 2004. Deu aulas no ensino profissional e em cursos de pós-graduação, nas áreas da sociologia e cidadania.

"A natureza farta de nós? Saúde, ambiente e novas formas de cidadania" é o título da sua tese de doutoramento, que conclui em 2009, com louvor e distinção, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sob orientação de João Arriscado Nunes. Enquanto investigadora, publicou vários artigos científicos em publicações, nacionais e internacionais, sobre relações entre ambiente e saúde pública, ciência e conhecimentos e democracia e cidadania.

Aderiu ao Bloco de Esquerda em 2004. Ativista dos Direitos Humanos e com forte presença em movimentos cívicos ligados à cultura, ambiente e direitos sexuais, Marisa Matias debateu-se contra a co-incineração em Souselas e foi mandatária nacional do “Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim”, aquando do referendo nacional pela despenalização do aborto.

Integrou a lista do Bloco de Esquerda às eleições autárquicas de 2005, como cabeça-de-lista por Coimbra.

Em 2009 foi eleita deputada ao Parlamento Europeu pelo Bloco de Esquerda, numa lista encabeçada por Miguel Portas.

Durante a sua primeira legislatura integrou a Comissão Parlamentar da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE), da qual foi coordenadora do grupo parlamentar GUE/NGL, a Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar (ENVI), e a Comissão de Assuntos Económicos e Monetários (ECON).

Enquanto membro da Comissão ENVI, elaborou e negociou a diretiva quadro sobre o combate aos medicamentos falsificados, sendo a segunda deputada portuguesa, desde a adesão de Portugal à Comunidade Europeia, a redigir uma diretiva desta natureza.

Destacou-se, ainda, pelo trabalho que desenvolveu na elaboração de uma estratégia de combate ao Alzheimer e outras demências, pelas propostas de resolução relativas ao cancro e HIV-Sida, e também por ter fundado o working group da diabetes. Em 2011, foi eleita Deputada do Ano na área da saúde, tendo sido a única deputada do Grupo Parlamentar da Esquerda Unitária a receber este prémio desde a sua criação.

Na Comissão ITRE, destacou-se pelo seu trabalho na elaboração do relatório que estabeleceu as bases para o desenho do que deveria ser a proposta do Programa Horizonte 2020, que consagrou um aumento significativo de apoios ao trabalho científico e à atribuição de bolsas no quadro do financiamento europeu. Mais tarde, viria a integrar a equipa dos seis relatores nomeados pelo Parlamento Europeu para definir e negociar a proposta relativa ao Horizonte 2020, o programa quadro europeu de financiamento da investigação, tendo sido relatora principal do Programa Estratégico do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia.

Enquanto membro da Comissão de Assuntos Económicos e Monetários, foi nomeada para redigir a avaliação das atividades do Banco Central Europeu relativas a 2011, cujo relatório viria a ser aprovado, mas do qual Marisa Matias pediu para que o seu nome fosse retirado, em resultado de alterações aprovadas no voto final que eliminaram todas as referências críticas ao BCE enquanto membro da Troika, bem como a proposta que obrigava o BCE a devolver aos países sob intervenção da Troika os lucros resultantes dos processos de compra e venda de títulos de dívida pública.

Ainda no primeiro mandato, foi vice-presidente da delegação para as relações com os países do Maxereque (Síria, Líbano, Jordânia e Egito) e foi membro das delegações da Palestina e da África do Sul.

Em 2010, assume a Vice-Presidência do Partido da Esquerda Europeia, cargo para o qual foi reeleita em 2013 e que manteve até 2019.

Em 2014 é reeleita deputada europeia pelas listas do Bloco de Esquerda. Nesse mandato acompanhou relatórios ligados à governação económica, ao semestre europeu, ao Banco Central Europeu e à Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), bem como um relatório relativo ao mercado único europeu das comunicações electrónicas, no âmbito do qual tem defendido a manutenção da neutralidade da internet. Durante esta legislatura foi co-autora do Relatório do Parlamento Europeu sobre a Igualdade de Género e as Políticas Fiscais, o primeiro relatório do PE a colocar o combate à desigualdade de género como uma questão transversal que tem que estar presente na definição de todas as demais políticas e não ser tratado como uma questão isolada. No âmbito da ITRE integra mais uma vez o grupo de relatores responsáveis pela definição do novo programa quadro europeu de financiamento da investigação - o Horizonte Europa.

Em 2014 foi eleita, por unanimidade, Presidente da Delegação do Parlamento Europeu para as Relações com os países do Maxereque, no âmbito da qual tem sido uma voz ativa pela defesa dos direitos dos refugiados. Foi, também, Presidente do Intergrupo dos Bens e Serviços Públicos, e Vice-Presidente das duas Comissões Especiais sobre as Decisões Fiscais Antecipadas e Outras Medidas de Natureza ou Efeitos Similares (TAXE), constituída na sequência dos escândalos Luxleaks, Swissleaks e outros.

A 7 de Novembro de 2015, apresenta oficialmente a sua candidatura à Presidência da República, propondo-se a pôr termo a uma política de continuidade e a defender Portugal e a dignidade do seu povo.

A 24 de janeiro de 2016, tornou-se a mulher mais votada na história da democracia em eleições presidenciais, atingindo 10,12%, com 469.814 votos.

Foi durante a campanha presidencial, depois de um telefonema de um cuidador informal para o programa da TSF em que participava, a alertar para a situação dos cuidadores em Portugal, que, na sequência do seu trabalho no Parlamento Europeu no âmbito da Estratégia Europeia para o Combate ao Alzheimer e outras demências, passou a ser uma voz ativa na luta dos cuidadores informais. Desde então tem denunciado a sua falta de direitos e de condições e ajudado a organizar os primeiros encontros nacionais de cuidadores informais em Portugal.

Em 2016, enquanto coordenadora da ECON, participou nas reuniões e pode influenciar as decisões relativas à tomada de posição do Parlamento Europeu contra a aplicação de sanções da UE a Portugal.

Nesse ano participa também numa missão de alguns deputados europeus ao Brasil, onde reuniram com os povos indígenas e as autoridades regionais e nacionais brasileiras. Foi discutida a questão das violações dos direitos humanos e violência contra as populações indígenas do Brasil e as medidas a tomar pela UE no âmbito das negociações do Acordo de Livre Comércio UE - Mercosul.

Em 2017 é nomeada pela Alta Representante da UE, Federica Mogherini, Observadora Chefe da Missão de Observação Eleitoral da UE nas Honduras.

Participa também em missões eleitorais do Parlamento Europeu em Timor e na Jordânia.

Em 2019 é considerada a “campeã pelo clima” pela Rede Europeia de Ação Climática, com o melhor resultado entre os deputados portugueses no Parlamento Europeu.

Em 2019 foi reeleita deputada europeia do Bloco de Esquerda. No Parlamento Europeu, integra atualmente a Comissão ITRE, a Comissão dos Assuntos Externos (AFET) e a Subcomissão dos Direitos do Homem (DROI). No âmbito da ITRE continua a trabalhar nos dossiers da investigação, sendo a relatora principal do Regulamento do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia. É ainda co-presidente do Intergrupo do Combate à Pobreza, que junta deputados de vários países e diferentes áreas políticas.

Em 2019 é nomeada pela Alta Representante da UE, Federica Mogherini, Observadora Chefe da Missão de Observação Eleitoral da UE no Sri Lanka.

Em abril de 2020 apresenta em conjunto com José Gusmão a proposta de um Fundo de Recuperação europeu para reduzir a pressão sobre o financiamento aos países afetados pela crise económica provocada pela pandemia.

Em julho de 2020 é nomeada membro da Comissão de Inquérito sobre a Proteção dos Animais durante o Transporte (ANIT).

Em Setembro de 2020 participa na missão de deputados europeus a Lesbos (Grécia), na sequência do incêndio que destruiu o campo de refugiados de Moria.

A 9 de setembro de 2020 junta no Largo do Carmo dezenas de profissionais da primeira linha do combate à pandemia e prestação de serviços essenciais para anunciar a sua candidatura às eleições presidenciais de 2021.